terça-feira

Amanhã

Dei um pontapé tão forte naquele dia cinzento que ele foi parar a um futuro muito distante. E lá o encontrei. Aquele dia que eu canelara estava enorme, disforme dos inchaços que a minha pancada lhe tinha provocado há uns anos atrás. Bem! Aquilo já não era um dia! Devia ser maior que uma semana! E como estava preto! Quase um mês sem vida foi o que eu passei. Tornara-se demasiado corpulento para eu o empurrar para mais um amanhã. As pequenas infelicidades engordaram desde o chuto e depois, pesadíssimas, caíram sobre mim deixando-me imóvel. Detesto adiar dias e decisões por tristezas menores.

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