terça-feira

Amuleto

Não acreditava em superstições bacocas, apesar de me terem dado um amuleto, logo à nascença. Ignorei-o durante anos e anos. Nunca dele me recordava, talvez porque nunca o ter perdido.

Estranha coisa aconteceu quando fui envelhecendo. Aquele talismã ia reluzindo mais fortemente e, se não me deixava dormir à noite, tal era a claridade que impunha, também me iluminava o dia sem céu azul ou amarelo. Passei a tê-lo por perto. Apesar de várias vezes inconveniente e pouco prático, se dele me afastava, os astros entrosavam-se em tal formação que os azares saltavam sobre mim com solas de pregos.

Também não era crente na além-vida. Morria eu, desaparecia-me, e tudo terminava. Até no fim me enganei: mesmo quando o deixei, manteve ele o zelo por mim – apenas aponto que o meu amuleto é a minha família.


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