terça-feira
Ao Banho
Pestilento! Insuportável! Doentio! Recriem no vosso olfacto um transpirado, já marinado por dias, cozinhado noutro transpirado quente, de há mais tempo. Série de suores sobrepostos num bolo de fedor cuja última camada de cheiro, a decorativa, é o perfumezinho. Um perfume agreste, comprado para calar a vaidade e que grita náuseas e tonturas, ensurdecendo as minhas narinas. O odor desta alma apodrecida é um fio contínuo no qual não tomo esperança de que seja cortado. Nesse fio atam-se de imediato mão-cheias de sujidade, dentes podres, doenças pustulentas, ouvidos recheados de cera, unhas que rasparam alcatrão, cabelo por onde escorre azeite. O mau cheiro deixa um rasto de má figura.