O. Bran

O meu paciente vivia na rua das ciências. Domiciliava no edifício da engenharia, entre o palacete da política e a modesta moradia da filosofia. “Parece calma, esta rua, sem trânsito. Os teus filhos devem-se pôr aqui a jogar futebol, com as crianças da vizinhança, pela noite dentro.” “Não! Só com as do prédio”, orgulha-se, “Há um campo do condomínio, mais seguro e somente com miúdos da sua classe.” “Com os mesmos gostos, semelhantes interesses e iguais ambições”, acrescentei. “Exactamente!”, rejubila. Confuso, dá-se-me para lhe dizer, “Sou familiar mais próximo de um ignorante que de um versado acerca desse cosmos do futebol; coloco todavia uma questão: sendo os putos tão parecidos, não quererão jogar todos na mesma posição, tornando a equipa derrotadamente desequilibrada?”