terça-feira

Auto-Paralítico

Aprendeu muito, muito cedo, por si. Não apreciava a alegria da aprendizagem conjunta; não tinha, portanto, colegas. Estes iriam desacelerar a apreensão espantosa de conhecimentos que ele obtinha individualmente. Em relação ao ensino era igualmente extremado: explicar a simplicidade a quaisquer discípulos travaria a passada veloz para a sabedoria universal que ele ansiava adquirir.
Continuando sozinho, o seu espírito progredia para uma crescente complexidade. Qualquer dos seus actos assentava num conjunto de pensamentos excessivamente emaranhado, comparável à manipulação de uma marioneta de mil fios.
Era-lhe impossível aceitar explicações simples, aceder à naturalidade ou espontaneidade – havia, ao arrasto de uma só acção, implicações infinitas.
Deixou de agir e tomar decisões por trazerem estas consequências demasiadas e pesadas. Assim pensava, assim paralisou.

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