terça-feira

A Bateria

A senhora subaproveitava-se. Tinha capacidade para dez, fazia sete. O seu raciocínio, enviesado pelo comodismo, era o de ir poupando as forças; e assim filosofando e agindo foi, assumia ela, aumentando as suas reservas de energia. Porém, como ao atirador azarado, o tiro saiu-lhe pela culatra: ao invés de se fortalecer, mais dificuldades ia tendo para fazer o mesmo. Porquê este paradoxo de que quanto mais esforços amealhasse, mais cansada se sentia? Desenterre-se a justificação: foi viciando a sua bateria interna. Recarregava-se de comida sem estar com fome e de dormida sem estar com sono. Engordava e amolecia. Foi-se estragando porque se habituara a tanta recompensa para tão pouco empenho. Começou a perder as suas capacidades por não as ter utilizado até ao limite. Irrecuperável.

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