terça-feira

Beber Sozinho

Só o álcool se mantinha constante na mesa; as pessoas à sua volta enchiam-se de tédio e esvaziavam a cadeira. Ele, rodeado de seres humanos, sentia-se acompanhado. Quem a seu lado se sentasse, em seu amigo se convertia, e era a este que confessava, chorava e bramia as suas melancolias internas. E, se mais atento o colega de taberna estava, mais agonias o bêbedo jorrava e mais desespero transbordava; mas, de tão exagerada ser a sua tristeza, menos nele acreditavam, menos o escutavam, menos se inquietavam, menos o ajudavam. No fim, mesmo no fim, pediu a última rodada de amizade e já não lha serviram. Esparramou-se no soalho e não houve mão que se virasse para ele e o erguesse.

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