terça-feira

Frio e Calculista

As pessoas que eu conheço vou-as amontoando no meu passado. É árduo distingui-las e já há muito desisti de as compreender por completo: categorizo-as e transformo-as em números ou unidades. Apesar de serem para mim cada vez mais e mais iguais, desenvolvi um discurso que convence a maioria dos indivíduos de que eles são insubstituíveis, únicos e imprescindíveis É notável (modéstias para quê?) a minha actuação, o meu fingimento, a minha simpatia e o meu impacto iniciais; até os cépticos que ouviram más histórias de mim, e que me cumprimentam com o pé da desconfiança atrás, começam, após a primeira conversa, a duvidar de quem lhes fez os ouvidos. Que faço de bem? Entrego, gratuitamente, amor-próprio através de elogios! Que recebo em troca? Bem, a uma pessoa distraída, desinteressada e dócil fica-lhe o dever da gratidão. Que faço de mal? Aproveito-me disso despudoradamente.

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