terça-feira
Janela Elástica
Sinto claustrofobia. Porquê? Porque olho demasiado tempo a janela, que começa a ficar pequena, cada vez menor. É a única fonte de liberdade. (A porta está trancada). A janela, janelinha, continua a contrair-se. (Vou desesperando). Assemelha-se apenas a um furo na parede. Quase invisível. Começa-me a faltar o ar. Uff...ufff...sufoco. Tenho de aumentá-la. Cresce, janela, cresce! Com os olhos, arranco um jardim que está do lado de fora, pego num canteiro e puxo uma flor. Foco-me nas estrias das pétalas e analiso a penugem das sementes. Eia! A janela leva tanta coisa? É agora ridiculamente grande se comparada com o néctar. Quis a minha cabeça, por si, encolher a janela; tive eu, por mim, de esticá-la e, assim, abandonar a claustrofobia inicial.