terça-feira
A Luta
A mão cheia de ódio fez arte na cara do moleque: esculpiu-lhe novo nariz, achatando o inicial e pintou-lhe a boca, de encarnado fresco e acastanhado seco. A voz completou a lição erudita cantando-lhe ameaças e ofensas em falsete. Desenharam ainda um pé no estômago do já estendido pedaço de pessoa, provando que a sensibilidade lhes circula por todo o corpo.
O rosto quebrado e lodoso manifestava a incultura do derrotado. Este ignorava a existência de artistas de rua que, com qualquer material humano, apreciam demonstrar a sua veia poética. Indivíduos influentes com habilidades musculares que agem em legítima defesa do seu ego.