terça-feira
Navegar
E sem âncora ele zarpou. Deixou o homem que a prendia ao fundo. ondas bravias batiam-lhe e ela, imóvel, aceitara-as durante milhares de marés de sofrimento. Logo que veio à superfície a decisão da separação mergulharam-lhe nos ouvidos cardumes de alertas e ameaças: “Ei! Sem âncora não poderás fundear! Nunca pararás em ninguém! Terás pela frente um mar de vazio!”. redarguiu ela, sem receio de correntes contráris: “Esbocem, esbocem esses fatalismos, pois preferirei ser um navio afundado que um encalhado; o primeiro ainda promete curiosidade de tesouros escondidos, o segundo nada comprova senão aflições, dores e desesperos”. Pois foi assim, em águas agitadas, que mudou o rumo à vida, passando a tê-la.