terça-feira
O Mau Vivant
Caem acontecimentos por toda a sua volta: desvia-se de um acidente e acerta numa poça, persegue um bandido e agride-o um intolerante, rompe uma fila e roubam-lhe um lugar. Ele culpa e culpa e culpa o clima da vida e a chuva de situações que aparenta não parar. Resguarda-se sob um toldo transparente, o seu mundo, aguardando o final da enxurrada. Espera anos e anos. Distrai-se observando os eventos dos outros a esbarrarem e escorrerem pela tela, tão próxima de si que acredita senti-los como seus. Acreditará ter andado à chuva sem se ter molhado? Acreditará ter vivido apenas com a vista? Abana-o o experiente encharcado: “Não tomaste banho de vida: cheiras a inocência ou a medo”.