terça-feira

O Porco Preso

"Quem vai notar em mais um papel?" e assoa-se, deixando cair o lenço por terra. "Isto é biodegradável", diz, comendo uvas e maçãs, atirando grainhas para o ar e caroços para a parede. Após beber pelo copo de plástico, pontapeia-o "para longe, ninguém o vê" Perdida a sede, ganha urina, que despeja, discretamente, num canto. "Necessidades da natureza". Corta os cigarros em fumos, beatas e cinzas e espalha-os para cima e para baixo "São só plantas queimadas". Cospe, com convicção, para o chão, "É a maldita constipação". Cansado, adormece. Acorda em solo imundo, atmosfera pestilenta, ambiente repugnante. Pergunta-se quem terá conspurcado o seu espaço. Recorda-se que está preso numa pequena cela e, por isso, fora ele próprio a poluir-se. "O mundo é mais pequeno do que eu pensava", constata, enjoado e aos vómitos.

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