terça-feira
O Roubo
Lopes foge do assalto. É manco, por isso tem de ir de transportes públicos. O autocarro atrasa-se e ele é apanhado. Reclama para o ministério responsável arguindo que, devido às falhas do serviço público, ele foi financeiramente prejudicado, perdeu o dinheiro, e socialmente humilhado, parou na prisão. Respondem-lhe que o processo se encontra nas vias judiciais normais e rematam com o lusitano “resta aguardar”. A senhora que o atende até lhe diz, na sua simpática ignorância, “Um coxo anda mais rápido que a nossa justiça!”. Tudo se arrasta, da perna à sentença. Por fim, dão-lhe razão: tem direito a ser compensado devido às lesões morais e materiais geradas pela lentidão do autocarro!
Contudo, uma greve e uma ponte na tesouraria, durante a semana de pagamentos, impediram Lopes de receber a indemnização. Afinal, o crime não compensa.