terça-feira
Refeições
“Não entres logo de manhã em correrias, abastece-te bem”, pede-lhe o pequeno almoço. Ao meio dia, o almoço puxa a cadeira e indica “Senta-te e, pausadamente, come tudo”. Pelas quatro da tarde o lanche incita-o “Ainda vai longa a jornada, é bom forrares condignamente o estômago”. O jantar abre a boca comentando “Repousa. Já não tens que fazer. Não deixes nada no prato”. A ceia ensonada boceja “Não se consegue dormir nem com fome nem sem sono; ocupa a barriga de comida”.
Estafado, de tanto ter trabalhado e mastigado, esqueceste-te de dar de comer às estrelas, olhando-as, ingerindo alguma beleza. Às vezes cozinho a ideia de que as refeições alimentam mais as perdas de tempo do que o corpo.