terça-feira
Rio de Selva
Rio de floresta, verde e viva, serpenteada, a separar um continente oceânico. Os grandes peixes, habitantes no azul invejoso do mar, agudizam ódios contra esse rio de selva, tão mais encantador, tão mais musical, tão mais animado; rejubilariam se o controlassem.
- Inundemo-lo de imediato! Somos muito mais fortes.
- Sim, mas para não se formar uma rebelião fluvio-florestal, mais difícil de vencer, procedamos discretamente. Porque não suscitar um incêndio? Queimamos alguma vegetação, oferecemos a nossa água para apagá-la e, num ápice, aproveitamos e inundamos toda a superfície emersa. Tentámos salvar o rio e afinal ganhámo-lo; ele pensa-se protegido (debaixo de água não arde) e nós temo-lo conquistado. “Atenção aos amigos, atenção aos bondosos!”, alerta o espião da floresta ao seu chefe, “A ajuda que cai do céu normalmente afoga-nos”.