terça-feira

Senhora sem Cor

Típica senhora que não se sabe soltar do Inverno. Sorumbática e a trovejar por dentro, anoitece mais cedo os olhares sobre as paisagens belas da vida: prenuncia ela, vendo um Sol rechonchudo, que vem aí trovoada e não esplanada. Sai do trabalho, passa por uma lojita ou outra. Carrega com sacos de plástico barulhentos, entra numa pastelaria só por um bolo que pede ao balcão e come-o, à socapa, enquanto caminha. "Não sei como engordo tanto! Eu nem como muito", é a frase que esquece quando se lambuza de açúcar, no meio da rua. Veste com sapatos que não são feios, calças que não lhe ficam mal e camisa que até surge jovial. O seu conjunto, contudo, é a figura de um arlequim demasiado açoitado a quem lhe caíram todas as cores da vida. Incluindo o preto e o branco. É invisível porque ninguém a quer ver.

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