terça-feira

Voos Planos

A vida apareceu-me como uma queda constante. Nascido lá no alto e daí atirado, só poderia cair, cair, cair. Em desespero comecei a bater as asas, apenas para parar numa altitude qualquer. Nela me mantenho, a uma dimensão, num voo linear e contínuo que pode ser eterno. Habituo-me somente a não cair. E é isso que quero? Ser somente um sobrevivente no ar? Num esforço adicional, agito as asas mais assiduamente. E subo um pouco. E avanço outro tanto. Sem me aperceber, atinjo outras perspectivas, se quiser contemplo, se quiser toco a paisagem. Constato então que voo, voo, voo. E chego assim ao maravilhoso ponto da vida em que, quando paro de bater as asas não caio como cairia no princípio: fico a planar.

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