quinta-feira

O Rapto

Era figurona pública. Persegui-o, atordoei-o, amarrei-o, levei-o. Deixei o meu número de telefone como única pista. Aguardava a comunicação que me perguntasse pelo valor do resgate. Meio dia, um, uma semana. Ninguém aparecia a reclamá-lo. Não significava contudo, que eu não recebesse chamadas. Eram inúmeros os curiosos que queriam saber se a vítima estava viva e se era torturada com regularidade. Eu, para além de o alimentar, tinha de aturar esses coscuvilheiros inoportunos. Sem sucesso financeiro, decidi soltar o homem. Este, contudo, não ficou impressionado; afirmou antes, laconicamente: “o meu cativeiro não diferiu muito da minha liberdade – todos querem saber tudo sobre a minha pessoa de fora e nada acerca da de dentro.”

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