quinta-feira

Trauma

Perdera-se, ou perderam-no, na natureza selvagem e inóspita. No limbo que unia a vida e a morte, escolhera respirar a deixar-se ficar. Depois da situação limite seguiu-se uma depressão inesperada; de regresso à normalidade, tudo o resto lhe parecia fútil, deslavado, indiferente. Para recuperar o gosto pelo dia-a-dia encheu-se de actividades altruísticas. Através disso conseguiu encolher a sua dor, sobredimensionada, e a dos outros, subavaliada. Uma força inata tornara-o sobrevivente. Uma fraqueza de apatia fizera-o um subvivente. Uma força consciente transformou-o num vivente. E o episódio traumático deixou de condicionar todos os seus movimentos para ser uma cicatriz da qual só se lembra quando alguém a ela aponta.

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