segunda-feira

Fogo Efémero

Desconhecia o que o esperava. O nervosismo dominava-lhe o corpo: espasmos, arrepios, unhas desgastadas pelos dentes, cãibras nas canelas, à custa do constante matraquear dos pés no mosaico, pescoço dorido de tanto rodar para ver quem vem de que lado. O tronco esticado era a única parte imóvel de si, mas até este desfez a pose de rigidez no momento em que a mão delgada que ele esperava lhe acariciou o ombro, por trás. - És tu, o…? Assustado, corcundou-se, a proteger o tórax, e só quando se virou constatou que a ameaça era a rapariga da qual só vira fotos desfocadas. Recompôs-se e respondeu: - Sim, se tu fores a… Faiscou, acendeu, incendiou e, no pico do céu, apagou. Fora um fogo-de-artifício na espetacularidade e na duração. Caíram canas que se espetaram no coração e cinzas que entupiram os seus pulmões. Ele tinha razão quanto à protecção do tórax.

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