segunda-feira
Comissionista
Não sou egocêntrico, ainda assim, penso que trabalho pouco para mim. Sinto que a minha mão-de-obra é subvalorizada. É um sintoma de comunista clássico, eu sei. Então, reformulo e passo a interpretar a minha actividade numa vertente capitalista: sou comissionista. Fundamentalmente, medeio o negócio entre o meu patrão e o meu gestor de conta. Consigo retirar um pequeno montante na transferência do meu salário para o abatimento da dívida. Essa comissão permite-me ter uns trocos para comer, vestir e até ter uns luxos soberbos como o de poder comprar outro sabonete que não aquele áspero de marca branca.