sexta-feira

Mulher-Árvore

A mulher, na posição de pino, tinha as suas mãos enterradas no chão e os seus dedos a fazerem de raízes. Aos poucos, os nutrientes da terra subiam pelo corpo e neste iam nascendo folhas-sentimentos e frutos-pensamentos; elas e eles iam sendo ora arrancados ora recolhidos pelas pessoas, ora interesseiras ora interessadas. Parada, passavam pela vida da mulher boas e más almas, que queriam benevolamente a sua sombra ou, maleficamente, o seu corpo. A sua forma de resistência era a firmeza. Não a conseguiam persuadir, com ideias ou dinheiros, a alterar a sua natureza de dadora; não a transformariam numa madeira embutida em egoísmo.

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