terça-feira

1 peso, 2 medidas

Acordei com uma magreza desmesurada. Atirei a rede para o mar frio do frigorífico e puxei-a, já recheada, com as últimas forças que me restavam. Comi opiparamente. No espelho, apareço com tudo descaído, da gordura: bochechas no queixo, queixo no pescoço, mamas na barriga, barriga na cintura. Decidi não alimentar-me até ao jantar. À noite, novamente em pele e osso, enfardo comida até mais não. Deito-me em digestões de estômago e de culpa. - Ao longo do dia, sofro de obesidade e anorexia – queixei-me. O médico do bom senso sente e consente: - Come muito porque comeu pouco, come pouco porque comeu muito. Uma doença é a desculpa da outra e as duas são suas.

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