quinta-feira

O Cliente

Na feira, entre a tenda da cartomante que lia o futuro e a da espírita que contactava com o passado, havia uma mulher que descrevia o presente. Entrava uma cliente e a feirante desenhava-lhe o perfil psicológico após algumas conversas desinteressadas. Dizia o que sentia que devia dizer, independentemente dos estragos que provocasse no outro ser ou no seu negócio. A sinceridade com que transmitia o veredicto da sua análise levou-a, certo dia, a ser esbofeteada. A partir daí, para não perder nem a saúde nem o emprego, passou a agir como as suas vizinhas: dizia o que os clientes queriam ouvir. As pessoas pagam para que lhes seja dito, por outros, aquilo que elas próprias pensam. Por vezes, perde-se a razão quando se é cliente.

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