segunda-feira

Inveja, eu?

- Não compreendo porque tem ela inveja de mim! Diz-me, “Ai, sempre que te vejo parece que vais a uma festa” ou “Esses saltos são bonitos, mas mal empregues nestas ruas esburacadas.” Elogia-me com uma falsidade igual à das suas pestanas e unhas. É ela quem se empiriquita diariamente, do cabeleireiro à pedicure. Ainda, vê a lata, põe-se de queixumes se passa um dia em que não ouve piropo masculino. Olha, não é ela quem compra roupa de ocasião; aquilo que ela tem não é pechincha. Só sei que as minhas botas já duram há dois Invernos. Eu é que gostava de ter a bolsa dela, não por fora, feia, mas por dentro, dinheiro.

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