segunda-feira

Doença do Fim

Uma doença terminal. Mesmo a calhar. A vida não estava fácil e não era o único a dizê-lo. Pela cabeça, não lhe passava a bala de um suicídio. Se sempre fora cobarde, porque deveria ser corajosa a sua última acção? Uma doença era uma desculpa óptima para aliviar permanentemente o fardo do quotidiano. Ainda teriam pena dele. Prepararia, com tempo, tudo e todos. Arrumou todos os seus pertences e fez donativos em vez de testamento. Espalhou elogios a quem amou e por quem se cruzou. Ao despedir-se, apaixonara-se pelo que perderia. Alegrara-se, no início, e arrependera-se, quase no fim. Encurtou a vida que lhe tinha caídocéu. Tardemais.

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