sábado

Antitique

Não o suporto, funga a cada três segundos. Snif, snif, snif, sem lenço nem de papel perfumado nem de tecido com inicial do nome. Igualmente incomportável é ela que ininterruptamente enrola e alisa cabelo com os dedos de unhas roídas. Impacientam-me ao limite os que, quando com eles converso, tentam completar as frases, imitar os meus movimentos, segurar os meus braços ou mãos ou coçar o nariz, os pêlos do peito, o cachaço e as axilas. Eu, felizmente, não tenho um único tique. Na verdade, e por não ter ponta de diferenciação, ninguém de mim se recorda. Sou tão robótico, tão previsível, tão apático, tão sensaborão, tão inócuo como aqueles almoços que, no dia seguinte, não conseguimos recordar em que pratos consistiram.

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