sábado

Empréstimos

Emprestei um bem e foi-me devolvido, intacto e atempadamente, com uma carta de agradecimento autêntica. Dispus, dispuseram, ficámos bem dispostos. Não houve dinheiro nem dívidas nem juros nem favores futuros. Foi uma ingenuidade tremenda que, neste mundo de manhas, nos vamos desabituando. Contratos com cláusulas arrevesadas, informações escondidas, peripécias legais e financeiras e traições indistintas entre profissionais ou pessoais enviesam a partilha e usufruto gracioso de bens. Não se pode ser bom nem aceitar bondade com displicência. Quem empresta, abusa dos seus direitos, quem pede emprestado esquece-se do dever de devolver. Ainda assim ainda empresto. Gosto da gratidão – recupera-me a lembrança longínqua de que os valores morais se sobrepõem aos materiais.

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