sábado

Intemporal

Intemporal Ele não tinha tempo. Desses, há muitos, diriam. Não! Não era daqueles que “não tinha tempo para nada”. Ele simples, ou complicadamente, não tinha a noção de tempo. Não nascera fornecido com um calendário biológico. Este homem gatinhava como um bebé ou bêbedo, apreciava muitas mulheres como adolescente ou adúltero e ansiava conduzir como criança sem altura ou velho sem visão. Numa perna, agia como se não houvesse amanhã noutra adia sine die; nuns temas, tinha idade para ter juízo, noutros, era demasiado novo para perceber; para uns, punha-se com mudanças de humor súbitas tanto quanto para outros permanecia imperturbado. O médico disse-lhe “Isso de não ter tempo em si é ilusão sua. Todos actuamos e envelhecemos como o senhor. E vai ver que nem com o tempo isso passa”.

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