sábado

Sono Público

Os meus olhos não se conseguem manter de pé. A cabeça cai, a baba sai, entorto os músculos de tão desajeitado estar na cadeira do autocarro. As acelerações ilógicas e despropositadas do motorista de nada servem senão para me endireitar o corpo que, de tão curvado para a frente estar, auto-enrola-se, à bicho-de-conta. À frente, as nucas das duas senhoras de cabelo apanhado chocalham sincronizadamente; ao lado, neste aquário, o cinquentão torna-se autista, ao bater repetidamente com a têmpora no vidro; atrás, o adolescente deita-se em estilo livre na última fila. Com tantos passageiros a dormir o condutor leva-nos para onde quiser.

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